segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Imprecisão



Era pra ser só um dia. Só mais um pouco.
Passaram-se meses em que, acomodada, assistia a vida alheia seguir o ritmo. Ritmo de quem tinha prazos. Sem correria não iriam chegar a tempo para conseguirem lugar vago naquele ônibus. E o ônibus viria, cedo ou tarde, dependendo do ponto de vista. É melhor já estar tudo garantido.
Analisava-os como alguém que estivesse do alto, enxergando cada detalhe que eles tentavam esconder. E as horas passavam, e ela sentada assistia.
Tão assim, tão sei lá... tão de qualquer jeito. Tão sem alguma coisa.Que alguma coisa?
Cada olhar, cada riso, cada mosquinha a atraía atenção. Atenção instável. Dispersa seguia, então. Faltava. O tempo todo. Momentâneas eram as distrações que só a fazia se sentir mais nada.
Nem sempre foi assim, e quando passou a ser?
Assistia-se.
Quem era diante deles? Em qual parte os eram ela? Onde estaria ela nesse momento?
Então nesse contexto desconexo o tempo passou.
Nesse novo lugar, a teoria só não basta. Daí a Insegurança, o Arrependimento e o Amadurecimento andam juntos. Assim, tão meio sem jeito, tão meio sem direção.. assim tão, tão insatisfeitos.




Thais Souza.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

I Miss You



Esperarei o dia em que nos veremos.
Sei que demorará, afinal perdemos totalmente o contato.
Não sei seu nome completo, seu endereço. Não sei seu signo, sua cidade, seu bairro. Não sei se seu cabelo está liso baixinho, ou cheio todo enroladinho.
Confesso que este último é o meu favorito.
Tenho saudades de você.
Saudades de quando te observava de longe, todo concentrado... seu olhar sempre fixo e misterioso mostrava que falávamos a mesma língua.
Eu, com minha mania de decifrar as pessoas pelas minhas próprias convicções psicológicas, analiso aquela época como a mais harmoniosa que já tivemos. Cada gesto, cada olhar, cada mania sua era um sinal de que estávamos conectados. Estávamos plenos. Dia a dia perfeito.
Lugar perfeito onde vivemos tantas histórias.

Lembra quando você caiu da escada?
Todos ficaram comovidos quando o resgate teve que te levar, e você, mesmo com toda aquela dor permanecia firme, resistente a qualquer expressão de fraqueza.
O tempo passou e me levou pra longe de ti.
Com uma dor no peito, aperto na garganta e lágrimas escorrendo em meus olhos, mais tarde, pude sentir a consequência de uma não ação: te ver pela última vez, mas não ter coragem de me mostrar.

Sempre me pergunto se nos veremos algum dia.
Éramos tão diferentes... Bom, pelo menos eu mudei. E você é o único sonho que ainda permanece [Um sonho...].
Se algum dia tiver outra oportunidade, poderei te dizer que naquele dia, tudo o que eu queria era ficar. Dizer que te amava, de uma forma que até hoje desconheço uma afeição semelhante por alguém. Que sua força era a minha e meu estímulo era todos os dias te admirar e te querer para nunca mais separarmos.
Queria dizer que você continua comigo, todos os anos, nessa lembrança que mais dói do que satisfaz. Dizer que aquela foi a época mais linda que vivi até hoje, mas que viver de espera é cansativo.

Esperarei o dia em que nos veremos outra vez. Até quando, eu não sei.


Thais Souza.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

O tempo não pára





"Tic tac, tic tac.."
Mal abro os olhos e já escuto o relógio alertar que já não há mais tempo.
De primeira instância, percebo que o despertador não tocou e só ficou o "tic tac", incessantemente dizendo que se eu não correr, o dia já não começará bom.
A mente é tão confusa ao despertar, pois a imagem distorcida do sonho em junção com a realidade da água caindo em meu corpo me dirige a mais um pensamento não querido. As vozes de minha própria racionalidade já não me são tão agradáveis, pelo menos não de manhã. Qual a 'razão' para logo cedo?
Para que tantos "por quês", e tantos "porquês"?
Qual a diferença, se tudo no final é respondido com o "..."?
O sentimento limita à palavra.

Evitando ao máximo ter de olhar ao pulso esquerdo, verifico o horário e vejo que estou atrasada.
Atrasada para a vida.
Tento correr, mas o ônibus não passa. E os que passam eu não pego.
Medo de ousar (novamente)? Medo do ônibus tomar a direção não desejada? Afinal a escolha existe e é necessário a compreensão de que se eu não entrar, jamais chegarei ao meu destino.

"Piiiriliiiim" "taranranram..." - O despertador acaba de me alertar. Acorde.

Thais Souza.

terça-feira, 1 de março de 2011

Chove



"Meu coração vai se entregar a tempestade" Maria Rita - Santa Chuva



Um dia de chuva pode ser difícil.
A chuva nada mais é que a verdade. A mais pura das realidades naturais. E muitas vezes por nossas próprias ações, a chuva, que deveria ser um processo natural, se torna uma das causadoras de tantos problemas sociais e conflitos internos.
Somos responsáveis por nossas escolhas. Ligeiramente teimosos em dizer que sabemos de algo. Somos irracionais. Vocês não são? Desculpe-me, sempre essa mania minha de generalizar todos por mim mesma...
Tantos sentires e emoções me são expostos num dia de chuva. Eu gostava dela...
Tento poetizar, mas minha poesia se resume em lágrimas. As lágrimas já se misturam com as gotas caídas ao chão.

O jornal diz que virá mais tempestade.



Thais Souza.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Coisas a serem ditas




Há muitas coisas a serem ditas. Decidi que não durmo hoje sem dize-las.
Seria bom não criar expectativas quanto a isso. Na verdade, era isso que eu queria dizer.
Não sei porquê não digo. Não disse.
Talvez porque você não me deixa dizer. Você me encanta, mas já está encantado. E as vezes fica dificil dizer para um fumante que ele precisa parar de fumar.
A questão se complica ainda mais, pois quem tem o direito de dizer o que deve fazer? Quem sabe a verdade? Todos não merecemos fazer da vida o que quisermos?
Como disse, você me encanta. Me ilude.
Entendo quando vem todo feliz me dizer o que fez no dia, o que pretende... mas vejo que não faço parte. Tenho outros planos. Não sei.
Não quero ser enfeitiçada. Não hoje, não agora. Quem sabe? Deus sabe? Sim, ele sabe.
Por favor, pare de me dizer o que devo fazer. Não preciso ser isto ou aquilo. Já SOU. Estou bem assim. Estava bem até você... bem, até você aparecer e fazer com que eu tenha vontade de dizer algumas coisas.

Há muitas coisas a serem ditas, mas deixo para depois. Você não me deixa falar, e esta insônia um dia acaba.
(...)

Thais Souza.